Filofobia, o medo do amor

O que é filofobia? Todo ser humano tem medo de algo, alguns até de amar. Às vezes, o que a mente humana percebe como uma ameaça é o imprevisível, o desconhecido, porque o que é desconhecido é visto como incontrolável

Mas às vezes pode ser um cenário que aparentemente não possui nada de ameaçador que infunde medo, e nesses casos o sujeito tem grande dificuldade em explicar os motivos disso.

Assim, muitos sujeitos experimentam uma filofobia, ou seja, medo de amar, medo de se apaixonar ou medo de entrar em um relacionamento em que haja um verdadeiro enamoramento

Todos nós tendemos a ver o amor como algo positivo, algo que beneficia a pessoa e não algo a ser evitado.

No entanto, várias pesquisas mostram que muitos indivíduos afirmam ter medo de se apaixonar e medo de amar verdadeiramente outra pessoa, embora na verdade busquem proximidade, afeto e estabilidade como todo mundo.

De fato, são muitos os indivíduos que, quando se apaixonam, experimentam emoções muito intensas que percebem como incontroláveis ​​e perigosas, porque assumem seu modo habitual de fazer e pensar.

Todos procuramos o amor, mas às vezes viver um relacionamento sério nos assusta; às vezes contra o desejo de deixar ir existem muitas resistências mentais, que bloqueiam e não nos permitem viver uma história de amor com serenidade.

Fala-se, portanto, em filofobia ou medo de se apaixonar, enquanto outros falam em anorexia sentimental, quando não se consegue amar de verdade por medo de sofrer (ou sofrer de novo), hipercontrolar os próprios sentimentos e exasperar a necessidade de independência e invulnerabilidade.

O filofóbico pode chegar a manifestar sintomas reais de ansiedade e um medo imprudente e irracional, que o leva a evitar todas aquelas situações, ou pessoas, que possam levá-lo a um envolvimento sentimental.

Em alguns casos, o medo do amor não só se manifesta com dificuldade em se aproximar da outra pessoa, vista como um perigo para a própria estabilidade emocional, como também pode levar à vivência de verdadeiros ataques de pânico.

Causas da filofobia

São muitas as facetas de uma mesma dinâmica, o que impede estar serenamente em casal e construir um futuro junto com outra pessoa, pois o medo do amor leva a atitudes que fazem com que o parceiro se sinta pouco amado e sem importância.

Pode haver o medo de perder o controle da situação, típico de pessoas muito racionais ou que já sofreram por amor.

É uma espécie de reação de alerta que é desencadeada quando você percebe que a história está ficando mais séria e começa a sentir que depende emocionalmente da outra pessoa.

Esses sentimentos no início de um relacionamento (mas apenas no início) são normais e até dentro de certos limites funcionais, porque apaixonar-se envolve necessariamente uma perda de controle e uma dependência do outro.

Quando, porém, a pessoa está acostumada a sempre controlar tudo, por falta de caráter ou como defesa contra um sofrimento potencial, não está disposta a viver em função do outro e, por isso, tem tanto medo de amar que se afasta (e se afasta do outro) quando alguém mais gostaria de se aproximar e deixar ir.

Apaixonar-se é considerado uma fraqueza, algo que nos torna vulneráveis ​​e dependentes, e o outro se torna um perigo potencial.

Acontece exatamente o contrário do que deveria acontecer no amor: em vez de se sentir seguro perto do parceiro, sente-se frágil.

Quando sentimentos fortes são entendidos como fonte de insegurança e perigo, a filofobia toma conta e não se larga mais

Quando, por outro lado, o amor passado foi fonte de sofrimento, teme-se encontrar-se no mesmo sentimento, de ser abandonado, magoado, traído ou humilhado, e tenta racionalizar e controlar, na medida do possível, o próprio envolvimento.

Isso com a ilusão de que é justamente essa atitude fechada que nos torna imunes a futuros sofrimentos amorosos.

Além disso, às vezes temos medo do compromisso porque o medo do amor esconde o medo da perda da liberdade.

Muitas vezes experimentamos o amor como uma restrição ou limitação, envolvendo compromisso e responsabilidade.

Amar torna-se uma obrigação, um constrangimento dentro de uma relação, onde adaptar a vida às necessidades e expectativas do outro é vivido como um esforço em vez de um prazer e enriquecimento como deveria ser.

Os efeitos da filofobia no parceiro e no relacionamento

A pessoa que sofre de filofobia, por vezes, apesar de estar consciente da infundação do seu medo, não pode deixar de fugir das relações, dilacerada, por um lado, pelo desejo de abandonar os seus próprios sentimentos e aqueles do seu parceiro, e impelido, por outro, a fugir, de forma a conter a ansiedade e o forte estado de tensão que acabam por tomar conta.

Mesmo quando consegue se manter em um relacionamento, alterna momentos de proximidade com outros de distanciamento, está sempre na defensiva, um passo atrás; muitas vezes isso também gera dificuldades sexuais, principalmente para as mulheres, cujo prazer vem do desapego, do descontrole, o que implica total confiança no parceiro.

Acontece também que essas pessoas que têm muito medo do amor optam deliberadamente por embarcar em casos amorosos difíceis e impossíveis (casados/casados, à distância, até parceiros 'telemáticos', etc.), tendo muito cuidado para captar cada pequena sinal que os faz perceber quando é o momento certo para se distanciar e se proteger.

Na maioria das vezes, porém, essa atenção extrema aos sinais de ameaça de abandono, com base no medo e na desconfiança do outro, os leva a investir limitadamente no relacionamento, a se distanciar primeiro e a menosprezar a importância do parceiro, ferindo-o repetidamente /ela e fazendo-o sentir-se mal-amado, com o alto risco de que ele realmente se afaste de uma autoproteção saudável.

Como lidar e superar a filofobia

Apaixonar-se é, sem dúvida, uma experiência que põe em jogo aspectos profundos da nossa personalidade.

Compartilhar a própria vida com a pessoa que 'escolhe' amar, de fato, significa mostrar ao outro aspectos íntimos de si mesmo, tornando-se fraco e vulnerável.

A relação de casal representa um delicado jogo de forças, dentro do qual é necessário, para encontrar um equilíbrio funcional, por um lado adaptar e modificar certos comportamentos ou atitudes para se sentir mais próximo do outro e dar-lhe amor e, por outro lado, manter-se si mesmo, mantendo seus próprios espaços de intimidade e autonomia.

Se amor é sinônimo de casal, e isso de limites, renúncias e responsabilidades, além de ameaças à nossa estabilidade emocional e independência, é normal ter medo do amor.

Antes de tudo, porém, devemos lembrar que um relacionamento não é uma obrigação, mas uma escolha.

Temos medo de ser decepcionados pelos outros, mas o problema da decepção são as nossas próprias exigências.

Temos medo de amar porque temos medo de não receber o que desejamos.

Se continuarmos nos iludindo de que nossa felicidade depende do que os outros fazem, sempre teremos muitas exigências externas, com grande possibilidade de nos decepcionarmos e sofrermos.

Desta forma, é normal, inevitável, ter medo de amar.

Se partimos da ideia de que está nos outros para nos fazer sentir mal, é inevitável afastá-los quando seu comportamento não é como gostaríamos.

O medo de amar nos impede de dar amor, mas também de recebê-lo a longo prazo.

Paradoxalmente, amar é o único remédio para o medo de amar

Torna-se um círculo vicioso, porque quanto mais se tem medo de amar, menos se ama e mais se sofre, pensando que a causa de tudo está fora de nós porque os outros não nos amam.

Assim nascem as cobranças, o desejo de que os outros sejam como gostaríamos que fossem, porque pensamos que se fossem, estaríamos bem.

O problema é que o medo de amar leva a exigir amor (para se sentir seguro) sem dá-lo, fazendo com que o outro, se nos amar, com o tempo deixará de o fazer.

É muito importante tomar plena consciência das próprias experiências emocionais, perceber quanto medo temos de nos entregar ao amor, mas exigi-lo.

Reconhecer esse medo não é fácil, pois ele pode se esconder atrás de mil 'justificativas' como mal-estar, desinteresse por relacionamentos sérios, dificuldades práticas e logísticas, cansaço, momentos difíceis, etc.

Se o desconforto gerado pelo medo de amar prevalecer, é aconselhável buscar o apoio de um psicoterapeuta, a fim de encontrar, em um contexto de escuta adequado, um espaço útil para superar os medos relacionais e aprender a deixar ir, dê pelo prazer de dar e amar sem esperar receber.

Pedir ajuda é o primeiro passo para começar a enfrentar o medo de amar, pois através da psicoterapia experimenta-se uma relação na base da qual existe a confiança e a possibilidade de contar consigo mesmo; compreender a origem das feridas e aprender a curá-las pode nos permitir redescobrir como pode ser positivo viver melhor, abrir (ou reabrir) as relações afetivas, dando-se ao luxo de arriscar para ser feliz.

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fonte

IPSICO

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