Dismetria de membros inferiores: em que consiste?

O termo dismetria indica um defeito ósseo que resulta em um comprimento diferente dos membros: a dismetria pode ser congênita e, portanto, presente desde o nascimento, ou adquirida, como no caso de eventos traumáticos, acidentes ou patologias, que podem levar a anormalidades esqueléticas

O que é dismetria dos membros inferiores?

A dismetria dos membros inferiores, ou mais precisamente a heterometria, é uma condição médica que indica uma diferença no comprimento dos segmentos ósseos dos membros inferiores.

Duas formas de heterometria podem ser distinguidas: uma forma estrutural propriamente dita e uma forma funcional.

  • Dismetria funcional: também conhecida como falsa dismetria, é decorrente de contraturas articulares ou outros defeitos que podem resultar em aparente diferença no comprimento das pernas ou alteração no eixo mecânico dos membros.
  • Dismetria estrutural: ocorre devido a defeitos congênitos ou anormalidades ósseas nos membros inferiores e nos níveis pélvicos.

Justamente por essa dualidade, o diagnóstico e o tratamento da dismetria de membros inferiores podem acarretar diversas dificuldades para a equipe médica: o tipo de intervenção mais adequado para resolver o quadro, de fato, pode variar conforme se trate de uma verdadeira anormalidade óssea ou um falso encurtamento devido a outros componentes.

Além disso, a dismetria pode ser congênita e, portanto, decorrente de defeitos hereditários mal formados desde o nascimento, ou pode ser adquirida, como consequência de eventos traumáticos, infecções ou processos inflamatórios desenvolvidos durante a vida de um indivíduo.

A heterometria também é chamada de síndrome da perna curta e tem maior incidência em crianças, que representam aproximadamente 30% dos casos.

Quais podem ser as causas?

Existem várias condições que podem levar a alterações nos membros inferiores, entre elas:

  • Ossificação anormal da pelve durante os surtos de crescimento.
  • Rotação da pelve.
  • Basculatura do osso ilíaco, ou seja, um alinhamento incorreto dos ossos pélvicos.
  • Fixação visceral: o sistema musculoesquelético e os órgãos internos são envoltos em tecido conjuntivo chamado fáscia. Desta forma, os órgãos internos (vísceras) estão ligados ao coluna espinal e conseqüentemente ao sistema esquelético. Diferentes tipos de patologias dos órgãos internos podem, conseqüentemente, afetar a conformação morfológica da coluna vertebral.
  • Retração muscular, ou seja, encurtamento e lesão permanente do tecido muscular.
  • Escoliose e outros defeitos posturais.
  • Síndrome do piriforme, uma condição causada pela compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme.
  • Valgismo calcâneo.
  • Valgismo do joelho.

A dismetria real dos membros é relativamente menos comum: na maioria dos casos, a dismetria real é de tipo adquirido e, geralmente, pode ser resultado de eventos traumáticos, como acidentes e fraturas, consequência de cirurgias ou pode ser devido a processos infecciosos e tumorais.

No caso da dismetria congênita, pode ser devido a várias condições:

  • Crescimento patológico, caso em que se fala em hiperplasia.
  • Crescimento retardado de um dos membros, um processo referido como hipoplasia ou aplasia.
  • Malformações genéticas, como hemi-hipertrofias, membros hipoplásicos ou displasias esqueléticas.
  • Osteopatias, como a doença de Legg-Calvè-Perthes, ou seja, uma osteocondrite caracterizada por necrose da cabeça femoral, ou osteossarcomas que afetam as células mesenquimais responsáveis ​​pela produção de substância osteóide.
  • Doenças neurológicas ou neoplásicas.

Se nenhuma anormalidade associada ou causa aparente puder ser detectada, pode-se falar em formas idiopáticas de dismetria.

Como se manifesta a dismetria dos membros inferiores?

Como já mencionado, a dismetria dos membros inferiores é uma condição nem sempre fácil de detectar: ​​além das dificuldades diagnósticas ligadas ao tipo de dismetria, o curso da doença é muitas vezes assintomático, a menos que seja consequência de outras doenças em curso processos patológicos.

A sintomatologia varia naturalmente de caso para caso dependendo do tipo de distúrbio, porém, em geral, os principais sintomas podem incluir inchaço, dores articulares e musculares, dificuldades motoras e impotência funcional do membro afetado.

Vale ressaltar que, nesses casos, é preciso primeiro tratar o quadro desencadeante para depois poder resolver a dismetria.

A diferença de comprimento entre os membros em si não implica sintomas e, portanto, é difícil de perceber, mas existem alguns elementos que podem ser levados em consideração para detectar a heterometria.

Além das malformações das pernas, a dismetria afeta o equilíbrio de toda a estrutura do corpo e, portanto, pode levar a defeitos de postura, assimetria do tronco e ombros ou dificuldades de locomoção com marcha instável e desajeitada.

Diagnóstico

O primeiro passo para diagnosticar uma dismetria dos membros inferiores é um exame ortopédico cuidadoso, durante o qual, em primeiro lugar, será determinado se é funcional ou estrutural:

  • Medição estrutural: para determinar se o paciente tem uma forma estrutural de dismetria, o ortopedista mede a distância da espinha ilíaca ântero-superior (SIAS) até o ponto médio do maléolo mediano interno; o comprimento do fêmur e da tíbia também são medidos, e os eixos mecânicos de todo o membro e segmentos ósseos individuais são traçados.
  • Medida funcional: nos casos de dismetria funcional, a estrutura esquelética está intacta, devendo-se procurar anormalidades nas funções biomecânicas do membro; por exemplo, em pacientes com pelve rotacionada ou ossos ilíacos inclinados, será possível encontrar uma dificuldade pronunciada em manter a postura ereta ou manter o equilíbrio.

Ter um diagnóstico preciso e rápido da patologia é muito importante para poder planejar um tratamento adequado e evitar que o paciente desenvolva outros problemas relacionados à irregularidade óssea, como defeitos de postura ou subdesenvolvimento do membro.

Para a correta mensuração da dismetria são necessárias algumas investigações específicas; estes podem incluir:

  • Medição do fio de prumo: é um teste não invasivo que utiliza um dispositivo médico especial necessário para medir a diferença de altura das cristas ilíacas e destacar a diferença entre os membros.
  • Radiografias: Para determinar com precisão a heterometria dos membros inferiores, é necessário realizar uma radiografia sob carga, ou seja, o paciente deve permanecer em pé com as rótulas posicionadas frontalmente e uma radiografia em decúbito lateral; a radiografia deve enquadrar a região da pelve e quadril, pernas, tornozelos e pés. Também deve ser feita uma radiografia comparativa, usando uma elevação compensatória para o membro mais curto.

No caso de pacientes pediátricos que ainda não completaram a fase de crescimento ósseo, devem ser feitas pelo menos duas radiografias com intervalo de seis meses para calcular qual será a diferença no comprimento dos membros ao final do crescimento.

Nas formas congênitas, a piora, ou seja, o aumento da diferença de comprimento entre um membro e outro, ocorre constantemente e não é difícil prever o curso do quadro; já nas formas adquiridas, a heterometria é extremamente variável, dependendo da idade em que aparece, das causas desencadeantes e da gravidade do quadro.

foliar

Várias opções de tratamento estão disponíveis para resolver as condições de dismetria.

A abordagem mais adequada varia dependendo do caso específico e da forma do distúrbio encontrado.

dismetria funcional

No caso da dismetria funcional, apenas a terapia manipulativa osteopática combinada com exercícios posturais direcionados e fisioterapia pode ser usada.

Para heterometria mais pronunciada, palmilhas proprioceptivas ou palmilhas ortopédicas podem ser prescritas.

dismetria estrutural

Geralmente, para resolver defeitos de dismetria, a solução mais adotada é o uso de palmilhas ortopédicas e elevações; isso pode ser útil para compensar diferenças entre os membros de até 3 centímetros.

Para casos mais graves, no entanto, pode ser necessário intervir cirurgicamente com as chamadas 'técnicas de crescimento controlado': a epifiseodese é uma abordagem microinvasiva que envolve a inserção de um dispositivo de metal dentro da cartilagem, que permite o crescimento do membro mais longo ser temporariamente desacelerado ou parado permanentemente, de modo que o membro mais curto tenha tempo para compensar a diferença.

A epifiseodese é o tratamento mais indicado para dismetrias entre 2 e 4 cm, principalmente em pacientes próximos à maturidade esquelética.

Quando a diferença no comprimento dos membros excede 5 cm e uma intervenção de crescimento controlado comprometeria excessivamente a estatura adulta, o tratamento de alongamento ósseo com fixação externa pode ser usado.

Trata-se de uma abordagem mais invasiva que consiste na interrupção da parte mais externa do osso, seguida de um processo reparador com distração gradual das extremidades ósseas.

Mais recentemente, foram desenvolvidos métodos de fixação interna envolvendo a implantação de uma haste alongada na medula óssea: embora essa abordagem ofereça a vantagem de evitar um dispositivo externo e permita resultados muito satisfatórios, infelizmente tem aplicabilidade reduzida e apenas casos selecionados podem se beneficiar deste tratamento.

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