Realização do exame objetivo cardiovascular: o guia

O teste objetivo cardiovascular é uma etapa importante em nível de unidade de terapia intensiva, pois muitas das doenças que requerem internação em UTI primária ou secundária envolvem o próprio sistema cardiovascular

Pode-se entender como o conhecimento da avaliação física do sistema cardiovascular desempenha um papel importante na fisiologia e, principalmente, na fisiopatologia.

Neste capítulo, não pretendemos esgotar o vasto campo da ciência cardiovascular clínica, mas fornecer uma ferramenta para analisar sistematicamente o paciente em relação à estabilidade clínica e ao sistema vascular arterial e venoso.

EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR: INSPEÇÃO

Durante o exame objetivo cardiológico, o examinador posiciona-se à direita do paciente, enquanto o paciente pode estar em decúbito dorsal, deitado sobre o lado esquerdo ou sentado (do lado direito do leito ou com cabeceira elevada); geralmente na UTI o paciente é posicionado em decúbito dorsal com uma estreita margem de mobilização.

A avaliação geral é feita com o paciente em decúbito dorsal, ficando o flanco esquerdo reservado para melhor avaliação de icterícia punctal ou presença de sopro valvar mitral; na posição sentada, as características do sopro aórtico são mais bem avaliadas.

Respiração: a presença de taquipneia é um dos sinais mais sensíveis para indicar uma patologia cardiorrespiratória; a frequência, ritmicidade e profundidade dos atos respiratórios devem ser avaliados (são avaliados inconscientemente para o paciente, caso contrário, a tendência é hiperventilar). A presença de ortopneia e/ou dispneia também é avaliada.

pele: Em hemodinâmica, a pele é um dos órgãos mais visivelmente avaliados quanto à cor, turgor jugular e pulsos de pressão; consulte o capítulo sobre choque (Capítulo 6) para obter mais detalhes sobre a utilidade da análise da pele a esse respeito.

Rascunho precordial: saliência da caixa torácica de toda a área precordial; indica cardiopatia congênita/início da vida, quando o tórax ainda está deformado.

PALPAÇÃO NO EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR

A palpação cardíaca no cenário clínico de rotina parece ser de pouca utilidade e, portanto, mal realizada; geralmente é realizada com a mão com 2 dedos espalmados (geralmente o indicador e o médio) no local normal da ponta itto, com a palma da mão localizada na linha paraesternal esquerda.

Por meio da análise de palpação, avalia-se o local/tamanho do itto-tip.

Até algumas décadas atrás, podia ser estudado por meio do apicocardiograma (APG), que avaliava a deflexão positiva/negativa das diferentes ondas obtidas a partir da transmissão do ictio da ponta na parede torácica.

Ictio da ponta: é definida como a transmissão da contração do septo interventricular através da parede torácica; geralmente tem dimensões semelhantes a uma moeda e está posicionado anteriormente ao ápice cardíaco; por meio de suas modificações espaciais e dos diferentes tempos de início, informações sobre as câmaras cardíacas podem ser obtidas.

Tempo de batida do ápice:

Sístole: Em casos normais, a pulsação normal apresenta um movimento externo de curta duração da pele no início da sístole, com retorno à posição basal no final da sístole.

No caso de uma pulsação hipercinética, ocorre um ictio de maior amplitude e geralmente decorrente de situações cardiovasculares hiperdinâmicas (como síndromes hipercinéticas); pode haver uma pulsação prolongada com um ictio elevatório, de duração prolongada, que sempre indica uma patologia cardíaca (como uma hipertrofia ventricular esquerda ou um aneurisma ventricular) ou uma pulsação reentrante definida como uma reentrada significativa do ictio punctal , que é detectado no final da sístole; neste caso, surge um diagnóstico diferencial entre formas de pericardite constritiva/aderências pleuropericárdicas (com extensa reentrada) e sobrecarga ventricular (com reentrada circunscrita).

pré-sístole: Um ictio de ponta pré-sistólica é devido ao flutter atrial, que geralmente representa o equivalente tátil do tônus ​​IV em situações em que a pressão telediastólica ventricular está elevada.

Tipicamente são situações de hipertrofia ventricular, cardiopatia isquêmica, aneurisma ventricular, hipertensão arterial e/ou estenose aórtica valvar/subvalvar.

protodiástole: tipicamente devido ao enchimento excessivo do ventrículo, é o equivalente tátil do tom III, em situações de patologia ventricular grave, como insuficiência mitral, defeitos interventriculares/interatriais e/ou insuficiência cardíaca congestiva.

Localização do ictus cordis:

Ictus cordis normal: localizado no 5º espaço intercostal, 1 cm medial à linha hemiclavicular esquerda, cuja origem surge de uma torção anterior e direita da região apical (relativa ao ventrículo esquerdo), ocorrendo no início da sístole (devido à espiral disposição das fibras miocárdicas).

Hipertrofia ventricular esquerda: se for considerável, o septo gira em seu eixo maior no sentido anti-horário (de modo que as câmaras esquerdas ficam mais anteriores); no caso da hipertrofia concêntrica, o yctus cardíaco torna-se mais proeminente, mais extenso que o normal, enquanto no caso da hipertrofia excêntrica o yctus cardíaco se desloca para a esquerda e inferiormente.

Hipertrofia ventricular direita: o septo gira no eixo maior no sentido horário (as câmaras direitas tornam-se mais anteriores), com um impulso paraesternal/epigástrico esquerdo gerado pela parede anterior do ventrículo direito, que é melhor palpado pela eminência Tenar da mão ( localizado no nível paraesternal esquerdo).

EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR, PERCUSSÃO:

No campo cardiovascular, a técnica percussiva não é utilizada por não acrescentar nenhuma informação clínica adicional àquela obtida em um bom teste objetivo, além de ser imprecisa e de duvidosa utilidade diagnóstica.

AUSCULAÇÃO:

No campo cardiovascular, a ausculta se concentra na percepção dos movimentos turbulentos do sangue e sua vibração contra as válvulas cardíacas e/ou paredes arteriais de forma que sejam percebidas com o fonendoscópio (em diferentes frequências).

Os focos de auscultação são os pontos de máxima intensidade em que podem ser ouvidos os sons provenientes de uma determinada válvula; o foco mitral é percebido no itto da ponta, o foco tricúspide no V espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal esquerda, o foco aórtico ao nível do II espaço intercostal direito na linha hemiclavicular direita e o foco pulmonar na nível do II espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular esquerda.

Além disso, existe a área de Erb, localizada ao nível do III espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular esquerda (imediatamente abaixo do foco pulmonar), onde algumas patologias da aorta podem ser melhor percebidas.

As áreas de ausculta são os diferentes bairros periféricos que são primeiro atingidos pelos diferentes tons cardíacos; cada ruído pode se estender para as áreas de sua própria competência (especialmente os ruídos mitrais são capazes de se espalhar amplamente), portanto, apenas por efeito de subtração pode-se deduzir que um sopro na área axilar é de competência mitral e um sopro em pescoço nível é de competência exclusiva da valva aórtica.

EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR: O PRIMEIRO TOM

O primeiro tom cardíaco representa a transformação da energia acústica do sangue na válvula mitral/tricúspide (segundo alguns autores é dada pela combinação das duas válvulas, segundo outros não) que determina o início da sístole; é estruturado por três componentes: um primeiro componente de baixa frequência, seguido por um componente principal com alta frequência e alta amplitude e terminando com um último componente de baixa frequência.

A estrutura do primeiro tom é chamada trifásica.

Fase I: representa os primeiros movimentos da parede ventricular, que se tensiona rapidamente em torno do volume de ejeção incompressível;

Fase II: representa o aumento de pressão devido à contração ventricular, com vibração associada das válvulas atrioventriculares que geram as frequências altas e intensas (na verdade, representa o principal componente do primeiro tom);

Fase III: representa o aumento da pressão que flui para os grandes vasos, com oscilação de suas raízes;

A intensidade do primeiro tom está ligada e depende do inotropismo (ΔP/Δt) de forma diretamente correlacionada, da rigidez das cúspides valvares (no caso de estenose mitral pode ser gerado um estalo de fechamento) e da válvula posição, de fato, uma intensidade maior indica a presença na telediástole de cúspides valvares distantes (como na taquicardia) e uma intensidade menor indica a presença na telediástole de cúspides valvares mais próximas (como na bradicardia).

De fato, deve-se lembrar que o movimento valvular mitraglio/tricuspidal é de abertura máxima durante a primeira fase da diástole, e então se aproxima lentamente na fase tardia; esta fase tardia é reduzida até desaparecer no caso de taquicardia.

Daí a compreensão do que foi dito anteriormente sobre a intensidade do primeiro estar relacionada à frequência cardíaca.

EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR, O SEGUNDO TOM

O segundo tom representa a transformação da energia acústica do sangue na válvula aórtica (ou pulmonar), que determina o início da diástole; o segundo tom é mais agudo que o primeiro, muito mais intenso nos focos auscultatórios superiores.

O tônus ​​se deve ao fechamento das válvulas semilunares geradas pelas correntes retrógradas devido à queda de pressão no ventrículo durante a fase de liberação, resultando em vibração das paredes vasculares.

A intensidade do tom depende dos valores de pressão contidos nos diferentes segmentos da válvula; portanto, o componente aórtico costuma ser muito mais intenso.

Desdobramento fisiológico: É normal que durante a inspiração a distância entre A2 e P2 seja de aproximadamente 0.04 seg, enquanto na expiração A2 retorna sincronizado com P2.

Esse fenômeno parece estar relacionado à presença de maior retorno venoso de sangue durante a fase inspiratória nas câmaras direitas (ver Capítulo 2.7.2), exigindo, portanto, maior tempo de esvaziamento ventricular.

A duplicação fisiológica pode ser acentuada de forma constante (especialmente no caso de estenose pulmonar) ou pode ser modificável com a respiração, mas ser cada vez mais acentuada (como no caso de bloqueio de ramo direito).

Divisão fixa: A divisão fixa é definida como quando há uma distância de tom que permanece constante entre A2 e P2 (geralmente cerca de 0.03-0.08 seg); esse mecanismo está ligado à presença de um shunt esquerda-direita, com aparecimento durante a expiração de aumento do enchimento das câmaras direitas (como no caso da patência do ducto de Botallo, defeito interatrial etc.).

Assim, durante a fase inspiratória, ocorre o mecanismo 'clássico' de duplicação fisiológica e, durante a fase expiratória, o abaixamento da pressão nas câmaras direitas (devido à redução do retorno venoso) leva a um shunt com consequente aumento da pressão local fluxo e persistência da duplicação, que permanece fixa à ausculta.

Divisão paradoxal: é definida como uma divisão em que, durante a inspiração, A2 se torna sincronizado com P2, enquanto durante a expiração a distância entre P2 e A2 aumenta para cerca de 0.04 s.

Este é um fenômeno relacionado ao fechamento tardio da válvula aórtica, como no caso de estenose da válvula aórtica, hipertensão acentuada, descompensação ventricular esquerda, etc.).

O TERCEIRO TOM NO EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR:

O terceiro tom é definido como um tom protodiastólico de baixa frequência, audível nas câmaras ventriculares (especialmente na margem torácica esquerda) como um ruído surdo, ocorrendo aproximadamente 0.12-0.15 s após o segundo tom (portanto, geralmente é bem audível) , cuja presença leva ao aparecimento de um galope protodiastólico (de origem ventricular).

Acredita-se que a formação do terceiro tônus ​​esteja relacionada a uma diferença de pressão atrioventricular com duas origens possíveis:

Origem valvular: há um estalido das cordas tendíneas devido ao excesso de pressão na abertura da válvula atrioventricular; esse estalo repentino (ligado a estruturas extremamente rígidas ou vice-versa muito soltas) geraria o som.

Origem muscular: ocorrem vibrações na musculatura do ventrículo esquerdo devido ao enchimento rápido e súbito (como na disfunção diastólica ou disfunção sistólica grave).

A presença de um terceiro tônus ​​pode ser parafisiológica em jovens após esforço físico, enquanto em adultos quase sempre indica sobrecarga ventricular de origem diastólica com insuficiência ventricular.

EXAME OBJETIVO CARDIOVASCULAR, O QUARTO TOM:

O que é chamado de quarto tom é um tom telediastólico (ou também pré-sistólico), audível como um som abafado de baixa frequência, que é gerado cerca de 0.06-0.10 s após a onda P no ECG, pouco antes do primeiro tom; sua presença leva ao aparecimento de um galope pré-sistólico (de origem atrial).

Acredita-se que a origem do quarto tom seja produzida pelos átrios devido à excessiva compressão sanguínea, especialmente durante a sístole atrial com aumento da atividade contrátil do próprio átrio (ver Capítulo 2.7.4).

As principais causas são hipertensão arterial, estenose valvar aórtica grave (com gradientes máximos superiores a 70 mmHg), cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, isquemia miocárdica, insuficiência mitral.

OUTROS RUÍDOS

Snap de abertura: é o snap de abertura da valva mitral, muitas vezes mais frequente que o sopro relativo; é um som de alta frequência que surge após 0.07-0.12 s do segundo tom, bem audível na região paraesternal esquerda na inserção da IV costa ipsilateral, com intensidade independente da fase inspiratória.

Acredita-se que esteja relacionado a uma tensão súbita das cúspides mitrais (como um desenrolar de velas em um barco) devido a uma importante diferença de pressão entre o átrio e o ventrículo.

A intensidade e o atraso do som dependem das alterações anatômicas valvares (como calcificações) e da magnitude do gradiente de pressão transvalvar.

O pop de abertura desaparece quando os folhetos ficam muito rígidos e não mais flexíveis e/ou se houver insuficiência mitral.

De:

-estenose mitral (condição mais frequente);

-insuficiência mitral;

- penetração do ducto de Botallo;

-defeito do Septo ventricular;

-mixoma atrial;

-prótese valvular;

-parafisiológico (após esforço físico devido a hipercinesia de fluxo).

Clique protossistólico: é um clique de ejeção, equivalente à abertura das válvulas semilunares aórtica e/ou pulmonar (no caso de estenose valvar) ou da raiz aórtica (em pacientes sem valvopatia); é um som relacionado à terceira fase do primeiro componente tonal, devido à vibração da raiz dos grandes vasos.

É geralmente decorrente de estenose valvar aórtica, estados hipercinéticos (devido à ejeção acelerada do ventrículo esquerdo), aortosclerose (especialmente em pacientes idosos) e/ou cardiovasculopatia hipertensiva (devido à presença de raiz aórtica tortuosa, esclerótica e não complacente). associada à ejeção acelerada do ventrículo esquerdo).

Clique meso-telesistólico: este é um clique que ocorre na fase meso-telesistólica (muito mais tarde do que os cliques proto-sistólicos), muitas vezes confundido com um tom de fração de segundo.

Geralmente ocorre devido a várias situações, como discinesia/contração miocárdica assíncrona, disfunção do músculo papilar, prolapso mitral (degeneração mixomatosa com protrusão das cúspides no átrio).

Fricção pericárdica: o ruído da fricção pericárdica é geralmente trifásico (composto por um componente sistólico, protodiastólico e pré-sistólico), mais raramente é bifásico ou monofásico.

Tem a característica de se acentuar com a inspiração pelo rebaixamento diafragmático, com o pericárdio parietal e o pericárdio visceral anterior se unindo.

Geralmente tem um timbre áspero e estridente, que às vezes é percebido como uma vibração, de caráter transitório e desaparece devido ao derrame pericárdico excessivo.

Som de marcapasso: é considerado um 'extra-som' produzido pelo marcapasso elétrico, devido à difusão da corrente elétrica nos nervos intercostais próximos, produzindo contrações dos músculos intercostais.

Tende a diminuir de intensidade na inspiração.

Geralmente é um ruído claramente distinguível dos tons cardíacos.

Ritmos galopantes: sequências de três tempos em que há um tom adicionado de origem sistólica/diastólica (que são respectivamente o tônus ​​III ou IV) são assim definidas e geralmente ocorrem com frequência rápida.

São tons fracos e de baixa frequência (portanto, avaliáveis ​​com a campânula do estetoscópio) audíveis com o paciente posicionado em decúbito dorsal, embora pareçam mais fracos se o paciente estiver sentado ou posicionado em ortostase.

Galope sistólico: é o som sistólico adicionado (que pode ser protossistólico, mesossistólico ou telessistólico), onde o som adicionado é chamado de clique-sistólico.

Pode variar muito em intensidade, principalmente dependendo da posição do paciente e dos atos respiratórios; é melhor ouvido na área apico-esternal.

Galope diastólico: é um ruído agregado diastólico de origem diversa; pode ser de origem atrial (pré-sistólica) onde o tônus ​​adicionado é o tônus ​​IV, de origem ventricular (protodiastólica) onde o tônus ​​adicionado é o tônus ​​III ou de somação (geralmente mesodiastólica) onde o tônus ​​adicionado é devido à fusão dos III com o tônus ​​IV, condição ainda favorecida pelo encurtamento da diástole pela taquicardia; naqueles raros casos em que não há fusão completa dos dois tons somados e ocorre um “ritmo quádruplo” (ritmo locomotor).

SOPROS CARDÍACOS:

A turbulência do sangue está na base da explicação física dos sopros, definida como a percepção do movimento turbulento do sangue; com base na relação (raio x velocidade x densidade)/viscosidade, obtém-se o número de Reynold; em densidade e viscosidade constantes (exceto em patologias onco-hematológicas), o raio da estrutura e a velocidade do sangue podem levar a um aumento do número de Reynold e, portanto, ao aparecimento de movimento turbulento.

Portanto, pode-se dizer que alta velocidade, estenose local, ectasia vascular e a combinação de estenose/ectasia levam ao aumento do movimento turbulento do sangue e, portanto, aumento do sopro.

Localização: parece essencial descrever a área de origem do sopro (Mitral, Tricúspide, Aórtica, Pulmonar) e sua irradiação (para a axila, para o pescoço, etc.).

Timing: o sincronismo de um sopro é uma das características básicas para classificar um sopro e é de fato baseado na fase do ciclo cardíaco em que ocorrem (sistólica/diastólica/contínua). Além disso, podem ser estratificados de acordo com a subfase do ciclo cardíaco em que ocorrem: 'proto' quando é uma fase inicial, 'meso' quando é uma fase intermediária, 'tele' quando é uma fase tardia e 'pan' quando é a fase inteira.

Intensidade: classicamente, a intensidade das respirações é categorizada em uma escala de 0 a 6, onde a respiração de 1/6 parece muito leve, muito silenciosa e geralmente é apreciável não imediatamente, mas apenas com concentração e silêncio adequados, a respiração de intensidade 2/6 parece leve (silencioso), mas imediatamente apreciável na ausculta. As respirações de intensidade 3/6 são definidas como moderadamente leves, de média intensidade e bem audíveis, enquanto as respirações de intensidade 4/6 são definidas como intensas (altas) com um tremor que aparece apreciável quando o estetoscópio está totalmente apoiado. Os sopros de intensidade 5/6 são intensos (altos) com um tremor apreciável mesmo com o estetoscópio parcialmente destacado e os sopros de intensidade 6/6 são muito intensos com um tremor apreciável mesmo com o estetoscópio totalmente desconectado.

Forma: os sopros também podem ser definidos de acordo com seu curso temporal, classicamente estratificados em formas de crescendo ou decrescendo, ou em forma de losango (quando apresentam fase de crescendo e fase de decrescendo).

Frequência: as respirações são classificadas de acordo com a frequência do som em que são percebidas em formas de baixa frequência (em torno de 80 Hz), formas de média frequência (em torno de 80-150 Hz) e formas de alta frequência (acima de 150 Hz).

Qualidade: a qualidade de uma respiração é uma característica peculiar que depende do tipo de válvula envolvida e do tipo de dano gerado, pois esses dois aspectos determinam a intensidade e o tipo de movimento turbulento. Você pode ter uma respiração áspera (com uma qualidade áspera), uma respiração sibilante, uma respiração chilreante, uma respiração doce (com um caráter mais musical), ou uma respiração com outras características peculiares (grito de gaivota, etc.).

Sopros sistólicos:

Da ejeção: o sopro ocorre em sístole (antes ou depois da abertura das válvulas semilunares), com formato de “diamante”, gerado pela diferença de pressão transvalvar (entre o ventrículo e a artéria). A gravidade da valvopatia correlaciona-se com o atraso no pico de intensidade do sopro: quanto mais tardia a intensidade, maior a obstrução. Tipicamente de estenose valvular aórtica: (tanto valvular como subvalvar), de cardiomiopatia hipertrófica (diagnóstico diferencial com estenose valvular, mas geralmente não tem o segundo tom porque é coberto pelo sopro que começa antes da abertura da válvula), de condições de alto fluxo (quanto maior o débito sistólico, maior o 'sopro de fluxo') e nos casos de ectasia pós-valvar.

De regurgitação: nestes casos o sopro ocorre em sístole, durante a contração isovolumétrica (por isso inclui o tom I) e a intensidade/duração é paralela ao gradiente de pressão através do orifício onde se origina. É tipicamente devido ao fluxo sanguíneo retrógrado dos ventrículos para o átrio através do óstio AV que é incontinente e/ou devido à presença de um defeito interventricular; a forma pan-sistólica está relacionada à diferença de pressão quase constante, a qualidade geralmente é 'sopro' devido à alta pressão e orifício estreito. A intensidade do sopro se correlaciona com a gravidade da valvulopatia. Normalmente de insuficiência mitral, defeito interventricular, insuficiência tricúspide.

Sopros diastólicos:

Da ejeção: o sopro ocorre no final da diástole, telediastólico (às vezes meso/telediastólico), muitas vezes com reforço pré-sistólico devido ao componente da sístole atrial.

É devido à estenose dos óstios valvulares (mais frequentemente da válvula mitral) também devido à fusão parcial dos dois folhetos e/ou cordas tendíneas.

A forma do sopro está relacionada à diferença de pressão transvalvar, com acentuação pré-sistólica devido ao aumento da pressão intra-atrial.

De regurgitação: o sopro ocorre no início da diástole, decrescente, de duração variável; é tipicamente decorrente de insuficiência aórtica ou insuficiência pulmonar com gradiente de pressão transvalvar devido à incontinência das válvulas semilunares. A gravidade se correlaciona com a duração do sopro.

Sopros contínuos:

Sopros contínuos são sopros que persistem durante a sístole e a diástole sem interrupção, geralmente devido à presença de shunts entre os vasos; o sopro surge no diagnóstico diferencial com valvulopatias.

As formas típicas de sopro contínuo são patência do ducto de Botallo (afecção mais comum na população), presença de shunts na janela aortopulmonar, presença de defeitos interatriais altos com insuficiência valvular aórtica, ruptura de aneurisma de seio de Valsalva no átrio ou no ventrículo direito, presença de sopro tireoidiano (no caso de hipertireoidismo), presença de zumbido venoso (fluxo venoso acelerado) e/ou presença de anormalidades morfológicas periféricas ou anastomoses cirúrgicas.

MÚSCULOS NÃO PATOLÓGICOS:

A descoberta de um sopro nem sempre é uma indicação de patologia; muitas são as situações em que o achado de um sopro é simplesmente um indicativo de aumento do fluxo sanguíneo turbulento, sem que isso indique voluntariamente uma valvopatia.

Esses sopros (definidos como 'não patológicos') são ainda classificados em sopros inocentes, sopros fisiológicos e sopros relativos.

Murmúrios inocentes:

Sopros inocentes são sopros inofensivos que não estão associados a alterações estruturais ou funcionais do coração; na infância, aproximadamente 50% dos pacientes apresentam um sopro inocente que pode persistir por anos e depois desaparecer repentinamente.

Sopros apicosternais: são sopros cuja intensidade máxima é percebida na região apicosternal;

Sopro telessistólico: melhor percebido no ápice, pode iniciar após clique sistólico e/ou galope sistólico; deve-se excluir que seja devido a uma disfunção dos músculos papilares e/ou prolapso mitral; se assim for, não tem impacto clínico e/ou prognóstico.

Sopro sistólico apical-musical: é um sopro melhor percebido no ápice cardíaco ou na margem esternal inferior esquerda (raramente também ao longo da área pulmonar); ao fonocardiograma apresenta-se com frequência uniforme (caráter musical). É um sopro muito comum na infância, sem significado patológico.

Síndrome do dorso reto: é um sopro de intensidade 1-3/6, secundário à perda da cifose dorsal normal, com compressão assintomática do coração e grandes vasos. Essa anormalidade anatômica leva à formação de um movimento turbulento do sangue que é percebido ao longo da margem esternal esquerda/III espaço intercostal, diminuindo na inspiração. A pressão no peito aumenta a intensidade do sopro.

sopros do 2º espaço intercostal: são sopros não patológicos cuja intensidade máxima é percebida ao nível do 2º espaço intercostal esquerdo;

Sopro sistólico de ejeção pulmonar: é um sopro muito frequente, associado à presença de estenose funcional na câmara de saída do ventrículo direito ou na artéria pulmonar, com formação de movimentos giratórios. É primeiro de significado patológico.

Sopro da gravidez: é um ruído contínuo com acentuação diastólica, frequentemente presente no segundo trimestre da gravidez, no puerpério e/ou durante a lactação. É mais comum no 2º espaço intercostal e é obliterado pela compressão do estetoscópio; acredita-se que seja devido ao alto fluxo entre a aorta e as artérias mamárias internas.

Síndrome das costas retas: ver parágrafo anterior.

Sopros cervicais: são sopros melhor percebidos ao nível dos vasos do pescoço;

Zumbido venoso: é um ruído contínuo com acentuação diastólica (presente em 95% das crianças), mais intenso sob o músculo esternocleidomastóideo e melhor ouvido com o paciente sentado. Às vezes, pode ser transmitido para o espaço intercostal II-III, obliterado pela compressão das veias do pescoço e acentuado ao virar a cabeça contralateralmente. Está presente em adultos com condições hipercinéticas graves, como anemia, tireotoxicose, gravidez, etc.

Sopro arterial supraclavicular: é um sopro ouvido na área supraclavicular, que muitas vezes simula um sopro aórtico/pulmonar de estenose; não é um sopro pansistólico, mas parece muito mais intenso sobre os vasos cervicais, obliterados pela compressão das artérias carótidas/suclaviculares. É desprovido de significado patológico.

Sopros diastólicos inocentes: não são sinônimos de sopros orgânicos, mas são 'sopros de fluxo', auscultados no ápice cardíaco em situações acompanhadas de alto débito (hipercinesia circulatória/estados hiperdinâmicos). A normalidade do ECG/ecocardiografia permite excluir patologias locais; eles não têm impacto prognóstico.

2) Sopros fisiológicos:

Os sopros fisiológicos são movimentos turbulentos encontrados em estados hiperdinâmicos, ligados de fato a um aumento da velocidade da circulação sanguínea. Podem ser parafisiológicas como no caso de exercício físico e/ou reações emocionais (medo, ansiedade) ou patológicas como indicativo de patologia extracardíaca como no caso de febre, tireotoxicose, feocromocitoma, anemia (CAVE: a viscosidade sanguínea é reduzida), coração pulmonar crônico; beribéri, fístulas AV (de gravidez, cirrose hepática, Paget óssea, fístulas propriamente ditas), etc.

3) Sopros relativos:

Os sopros relativos são sopros produzidos por alterações estruturais que não afetam nem as válvulas nem qualquer comunicação cardíaca e/ou vascular anormal; ao contrário dos sopros orgânicos, tendem a desaparecer com terapia adequada que melhora o inotropismo ventricular e corrige qualquer cardiomegalia. Exemplos podem ser um sopro holossistólico punctal de insuficiência mitral (secundário à dilatação ventricular esquerda), um sopro holossistólico paraesternal/xifóide esquerdo de insuficiência tricúspide (secundário a dilatação ventricular direita) ou um sopro diastólico de estenose mitral relativa, secundário a dilatação do ventrículo não acompanhada de expansão da borda fibrosa valvular.

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