Gota: definição, sintomas, causas, diagnóstico, tratamento

Embora já descrita por Hipócrates, Celso e Galeno, a gota é uma doença que existe até hoje

Se no passado era considerada a doença dos ricos (Suetônio a define como 'morbus dominorum') porque afetava as classes sociais mais abastadas devido ao seu estilo de vida (geralmente começa com grandes refeições com ingestão excessiva de carne ou álcool), hoje sabemos que é uma doença com forte componente genético que está apenas parcialmente ligada a fatores ambientais.

Quando falamos de gota, queremos dizer um distúrbio do metabolismo das purinas que leva ao aumento dos níveis de urato no sangue (hiperuricemia).

Esta condição pode levar à formação de depósitos de ácido úrico em vários locais, causando inchaços chamados tofos, ou ataques inflamatórios articulares agudos com depósitos de urato nas articulações ou uma doença renal chamada nefropatia gotosa.

O que é gota?

A gota é uma doença inflamatória aguda causada pela deposição de cristais de ácido úrico nas articulações e se manifesta – na maioria dos casos – com um início súbito de dor nas articulações, vermelhidão e inchaço.

A articulação metatarsofalângica do dedão do pé é a mais afetada, embora o ácido úrico também possa se acumular em outros locais, criando os chamados tofos, inchaços causados ​​pela agregação de ácido úrico na derme, pele ou tendões.

Além disso, está frequentemente associada a outras condições patológicas, como obesidade, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia.

Alguns fatores desencadeantes de ataques agudos de gota são abuso de álcool, alimentação excessiva, jejum prolongado, trauma articular e esforço intenso e prolongado.

Assim, um estilo de vida incorreto pode aumentar o risco de desenvolver gota, principalmente em homens e pessoas que estão familiarizadas com a doença.

A gota pode resultar da produção excessiva de ácido úrico ou dificuldade em eliminá-lo.

Ácido úrico

O ácido úrico é o resíduo das purinas (substâncias orgânicas nitrogenadas presentes em todas as células) e é formado no corpo a partir do metabolismo das purinas, sejam elas endógenas – ou seja, produzidas pelo corpo – ou exógenas – ou seja, da nossa dieta.

Em condições normais, o ácido úrico é excretado pela urina, mas o corpo não consegue mais eliminá-lo em caso de aumento dos níveis sanguíneos dessa substância.

Alterações na homeostase dessa molécula podem depender de vários fatores, como alcoolismo, obesidade, alto turnover metabólico (lise tumoral ou doenças mieloproliferativas), uso de certos medicamentos (salicidas e diuréticos) e dietas ricas em carne, alimento que contém muitas purinas.

Certas doenças genéticas também podem causar hipereuricucemia, com ou sem depósito de ácido úrico.

Hipereucemia

A hipereuracemia crônica é uma condição extremamente prejudicial para o organismo: se não for tratada, as consequências podem ser incapacitantes, principalmente quando ocorrem complicações cardiovasculares, renais e articulares.

Uma dessas consequências é a gota

Para confirmar a presença de hipereuracemia, o paciente é submetido a uma dieta com restrição de purina por 5 dias, com indicação de suspensão de qualquer medicamento que afete o metabolismo do ácido úrico.

Se os valores de ácido úrico não caírem abaixo do valor limite, isso é chamado de hiperuricemia.

Isso pode ser classificado como:

  • Primário, se não depende de doenças adquiridas;
  • Secundário, quando decorre de outras condições patológicas ou do uso de medicamentos específicos.

Em resumo, a razão pela qual a gota surge é a presença de um ou ambos os seguintes fatores:

  • Síntese excessiva de purinas, com superprodução de ácido úrico.
  • Diminuição da excreção renal de ácido úrico.

No primeiro caso, a etiologia é essencialmente hereditária e é agravada pelo aumento da ingestão alimentar de compostos purínicos (carne, álcool).

No segundo caso, a hipereuracemia é causada por problemas no rim, que não funciona como deveria, deixando de excretar o excesso de ácido úrico.

Tradicionalmente, o início da gota é atribuído à ingestão excessiva de alimentos.

Embora esse fator, juntamente com o alcoolismo, o sedentarismo e o abuso de certas drogas, seja predisponente, sua contribuição permanece marginal em indivíduos não geneticamente predispostos.

Os sintomas da gota são bastante específicos:

  • Dor intensa nas articulações, quase sempre no dedão do pé, que começa de forma aguda com ataques que geralmente duram alguns dias e depois desaparecem gradualmente.
  • Edema articular e eritema, que acompanham a dor. Além dos pulsos, tornozelos, calcanhares e joelhos, os lóbulos das orelhas e os rins também são locais onde os cristais de ácido úrico podem se instalar, levando à formação de tofos. Este é particularmente o caso quando a doença evolui para sua forma crônica.
  • Mal-estar geral e febre são possíveis.

Os tofos são inicialmente rosa-salmão, tornando-se mais tarde – na forma crônica – branco-amarelado.

A gota também pode favorecer a formação de cálculos urinários, a ponto de prejudicar – em casos não tratados precocemente ou corretamente – a função renal.

Nefropatia gotosa

O acúmulo excessivo de ácido úrico pode causar nefropatia gotosa.

Esta doença é uma inflamação renal obstrutiva dos túbulos renais e possivelmente resulta em insuficiência renal aguda.

Diagnóstico

A gota é diagnosticada através da realização de testes laboratoriais específicos para avaliar se a concentração de ácido úrico no sangue e na urina está dentro da faixa normal.

Obviamente, a suspeita de gota surge na presença de fatores que favorecem o aumento da produção e/ou redução da excreção de ácido úrico.

Graças ao histórico médico, o médico coletará as informações necessárias, como: exames anteriores, doenças concomitantes, histórico familiar, uso de medicamentos, alimentos e bebidas.

Nesse momento, um exame objetivo buscará sinais que possam sugerir a presença de um processo inflamatório como: vermelhidão, inchaço e dor nas articulações.

Neste caso pode ser útil a realização de uma radiografia, necessária para melhor caracterizar a lesão óssea, que ocorre num estado avançado da patologia.

Se os exames de sangue e urina mostrarem hiperucemia e o teste objetivo for sugestivo de artrite, o diagnóstico pode ser confirmado com certeza pela análise microscópica do líquido sinovial, que deve revelar a presença de cristais de ácido úrico em forma de agulha.

Prevenção

Embora os fatores genéticos sejam importantes no desenvolvimento da doença, mudanças virtuosas no estilo de vida podem reduzir os níveis de ácido úrico no corpo, evitando o aparecimento da doença.

Em particular, podemos fazer algumas escolhas alimentares que são particularmente eficazes, como reduzir a ingestão de carne e peixe, consumir quantidades adequadas de vitamina C, limitar o consumo de álcool e reduzir o peso corporal.

A ingestão correta de líquidos também é crucial na gota, pois ajuda a prevenir a formação de cálculos renais.

Tratamento e terapia

Na fase aguda é necessário intervir precocemente para reduzir os sintomas dolorosos: o médico irá prescrever anti-inflamatórios (ou esteróides) e colchicina.

Uma vez reduzida a inflamação, o objetivo da terapia será manter os níveis normais de ácido úrico para prevenir o aparecimento de novos ataques, evitando a formação de novos tofos e a evolução crônica da patologia.

Fundamental, além do uso dos medicamentos adequados, será uma alimentação correta acompanhada da ingestão de pelo menos 2 litros de água por dia (se não houver contra-indicações), evitar bebidas alcoólicas – especialmente cerveja – e limitar alimentos ricos em purinas (carne, peixe e leguminosas).

Se isso não for suficiente, serão prescritos medicamentos para reduzir os níveis de ácido úrico, como o alopurinol, que inibem a síntese de ácido úrico, e uricosúricos, como probenecida ou sulfinpirazona, que promovem sua eliminação.

No caso de gota, medicamentos que possam interferir no metabolismo das purinas devem ser descontinuados.

De qualquer forma, a terapia com esses medicamentos deve ser iniciada após a resolução do quadro agudo.

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